sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Cartilha para crianças e jovens destaca importância de Arthur Azevedo

A cartilha que será integrada ao acervo das bibliotecas das redes estadual e municipal de ensinoUm resgate do perfil humano e do artista Arthur Azevedo será acrescentado, a partir de fevereiro, ao acervo das bibliotecas das escolas das redes estadual e municipal de ensino do Maranhão. "História de Arte de Arthur Azevedo", uma cartilha lançada no ano passado quando se celebrou o centenário de morte do poeta, jornalista e teatrólogo, apresenta aos jovens um ilustre maranhense que legou ao Estado uma das maiores coleções de gravuras do universo da arte mundial.

Escrita pela museóloga Maria Helena Duboc, curadora de Bens Culturais do Palácio dos Leões, e ilustrada pela artista plástica maranhense Dila, a cartilha, que teve incentivo incondicional da primeira-dama Clay Lago, aviva na memória das novas gerações a importância de Arthur Azevedo em seu tempo, na contemporaneidade e para o futuro. "Senti que no Maranhão, principalmente entre os jovens, as pessoas ilustres tendem a cair no esquecimento", ressalta a museóloga Duboc.

Na falta de contato com obras de maiores profundidades que esmiúçam a vida e obra de Arthur Azevedo, como a produzida por Antonio Martins, presidente da Academia de Filologia do Brasil, a publicação "História e Arte de Arthur Azevedo" familiariza os leitores iniciantes com o universo da gravura que tanto seduziu o criador de peças como "Amor por Anexis", escrita aos 15 anos de idade, e "A Almanjarra", "Capital Federal", entre outros trabalhos cuja carpintaria de mestre exibiu Azevedo.

Durante as visitas das crianças e jovens ao acervo de gravuras de Arthur Azevedo do Palácio dos Leões, a curadora sentiu a necessidade de vincular mais fortemente a coleção à extraordinária figura de Arthur Azevedo. Daí nasceu a cartilha, um trabalho simbiótico entre a pesquisadora e a artista plástica. De maneira mais ampla é uma resposta às indagações sobre o que é a coleção Arthur Azevedo, um dos mais importantes acervos artístico do país.

"A partir de uma foto da infância de Arthur Azevedo fiz um trabalho regressivo e imaginário da vida desse ilustre maranhense", conta Dila. Resultou desse mergulho no passado, os desenhos em aquarela que permeiam a obra juntamente com reprodução de gravuras da coleção Arthur Azevedo como a litografia "Maranhão - Cidade de São Luís", de Manoel Ricardo Couto, datada de 1864.

Os desenhos de Dila remontam um passado com riquezas de detalhes. Assim o menino Arthur Azevedo parece ter saltado de alguma gravura. Os desenhos são ambientados em São Luís e no Rio de Janeiro, cidade que o escritor adotou como segundo lar.

Cartilha – A publicação é dividida em três partes. Após a apresentação do governador Jackson Lago, na qual destaca o propósito especial da cartilha como elemento de preservação da nossa arte, segue-se a história do poeta, jornalista e teatrólogo maranhense nascido em São Luís em 1855. Os desenhos de Dila se alternam com fotos e caricaturas da época, esboçando o humor cultivado pelo autor durante toda sua existência.

"Foi muito prazeroso fazer esse trabalho. Essa foi minha primeira experiência em escrever para crianças. Reportei-me à literatura infantil do início do século para preparar o texto", descreve Maria Helena Duboc.

Na segunda parte é feito um resgate sobre a arte da gravura, desde os primórdios, passando pela Idade Média, quando as estampas dos naipes das cartas de baralho se sobressaiam como expressão de arte, até dimensionar sua importância como rompimento da tradição da obra de arte como peça única.

A conclusão da cartilha se dá com a descrição da coleção Arthur Azevedo, tendo como síntese perfeita do desfecho dessa trajetória a ilustração Le Petit Physicien (O Pequeno Físico), uma pintura de Gaspar Netscher gravada em metal por J. G. Wille em 1761, na qual um menino brinca com vestimentas de remota época brinca com bolhas de sabão.

"Essa é metáfora que nos remete à fragilidade das coisas belas", resume a museóloga e curadora de Bens Culturais do Palácio dos Leões, Maia Helena Duboc.

Breve biografia- Durante sua curta existência, pouco mais de 50 anos, Arthur Azevedo foi profícuo. Produzir era seu viver. Colecionar gravuras, sua paixão maior. Foi esse amor à arte que o tornou um dos maiores colecionadores do mundo.

Quando morreu em 22 de outubro de 1905, Arthur Azevedo deixou um legado de 23.130 obras, conforme conta exata de Maria Helena Duboc. Essa foi a coleção adquirida pelo estado por alguns mil réis em 1910. Parte da coleção foi dilapidada e passou por vários endereços. Por fim, o número de obras foi reduzido para 18.470 e a coleção voltou para o Palácio dos Leões, seu primeiro endereço.

A coleção de gravuras de Arthur Azevedo compõe uma relíquia inigualável que integra nosso maiúsculo patrimônio cultural e fazem parte do acervo da exposição permanente do Palácio dos Leões.

Redação: Henrique Bóis

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