domingo, 14 de junho de 2009

BOAS NOVAS DE BRASÍLIA PARA O MARANHÃO

(Joãozinho Ribeiro)

Encontro uma Brasília ensolarada em plena tarde de quarta-feira. Mal desembarco no Aeroporto Juscelino Kubitshek, recebo uma ligação da coordenadora da agenda do Ministro indagando sobre a minha chegada e confirmando a audiência para as 17h30. Tenho ainda um bom tempo para passar a vista pela maravilhosa invenção urbanística de Lúcio Costa e Niemeyer até chegar à Esplanada dos Ministérios. O motorista no trajeto confunde a rota e as siglas. Educação? Cultura? MinC? MEC? Só, com meu umbigo, penso que o ideal seria um dia acontecer a fusão destes órgãos, acrescentando a Comunicação para completar o tripé. Chegamos finalmente ao Bloco B que abriga os Ministérios da Cultura e do Meio-Ambiente. Eis aí uma formidável aliança institucional – a ecologia cultural - Cultura e Natureza combinadas física e politicamente.

Micaela insistiu muito que assim que chegasse ao prédio não deixasse de ligar. A moça do protocolo dispensa maiores rigores com a identificação, e num breve lampejo estou no 3º andar. Um abraço sincero e saudoso me acolhe; já me sinto em casa. Mica é minha sorridente anfitriã. Velhos camaradas culturais passam a cumprimentar-me efusivamente, numa espécie de expectativa mal disfarçada sobre a conversa que terei daí a alguns instantes com o Ministro Juca Ferreira.

Um clima de cumplicidade cultural paira no ar enquanto Mica vai me atualizando das ações do Ministério em torno das discussões sobre a reforma da Lei Rouanet realizadas nos estados. A tarde vai transcorrendo sob muita desconcentração dos assessores técnicos da Secretaria-Executiva, até a chegada do seu titular, Alfredo Manevy, que no ano passado esteve em São Luís, em meados de junho, participando da posse do Conselho Estadual de Cultura e do “Encontro de Gigantes”, na Praça Maria Aragão.

Finalmente é chegada a hora e a vez de Joãozinho Ribeiro, moleque maroto, do Bairro do Desterro, da Coréia, Diamante, Cavaco, Vinhais, Renascença...de São Luís do Maranhão ser recebido pelo Excelentíssimo Senhor Ministro de Estado da Cultura – Juca Ferreira. Sem padrinhos políticos ou ingerências partidárias. Nada de protocolos. Adentro o gabinete e sou logo recebido por um abraço apertado do Ministro, recheado de cordialidade e afeto. Presentes no ato o Secretário-Executivo, Alfredo Manevy, o Chefe de Gabinete, Oswaldo Gomes e a Assessora, Micaela Neiva Moreira.

Brinco um pouco com a situação exposta pela manchete estampada no caderno de cultura do jornal “Estado de São Paulo” que dá conta do último debate realizado sobre o projeto de reforma da Lei Rouanet, onde o Ministro Juca Ferreira teve de enfrentar no “corpo a corpo” algumas celebridades globais, que defendiam escancaradamente a concentração regional dos recursos do mecenato e a consagração dos consagrados.

“Juca, menino bom de briga!” É a expressão que utilizo. Daí por diante a audiência se transforma num agradável papo cultural, englobando as boas perspectivas que vive a cultura brasileira, as diversificadas ações, projetos e programas que estão em andamento, as dificuldades de ordem burocrática, e as saudáveis parcerias estabelecidas entre o MinC, o TCU, a OAB, O Ministério Público Federal e o Congresso Nacional para fortalecer a reforma da Lei Rouanet.

Já se vão uns 10 minutos de conversa, quando o Ministro Juca toca no ponto central, objeto do seu convite; mais ou menos, com estas palavras: “E aí, Joãozinho? Tá difícil concretizar a aquisição do teu passe. A idéia inicial era te trazer para integrar o núcleo estratégico da minha assessoria de política cultural, mas existe uma forte corrente te solicitando para a coordenação dos trabalhos da II Conferência Nacional de Cultura. Tinha também a história da estruturação da Ouvidoria Geral do Ministério. Como é que a gente fica?

Declaro-me imensamente honrado pelo reconhecimento da gestão cultural que desenvolvemos durante os últimos dois anos no Maranhão, pela lembrança do meu nome, e me coloco à inteira disposição para os novos enfrentamentos que visem ao desenvolvimento da política de cultura do nosso País. Neste quesito recebo o auxílio luxuoso do Secretário Alfredo Manevy, que enaltece a experiência da gestão cultural que teve oportunidade de apreciar de perto e amplia o leque de possibilidades e de aproveitamento da nossa contribuição, destacando a agenda estratégica do Governo Lula colocada para a área da cultura até o término do seu mandato. Além da II Conferência e da Lei Rouanet, ressalta a necessidade de aprovação da PEC 150, a reforma da Legislação dos Direitos Autorais, o Plano Nacional de Cultura etc.

Após um bom balizamento das frentes de atuação, o Ministro oficializa o convite para as funções de coordenador do processo de organização da II Conferência Nacional de Cultura, a ser realizada de 11 a 14 de março de 2010. A audiência transformada em roda de conversa chega ao seu final. Convite aceito, e mais um grande desafio na vida deste artista militante para ser encarado, como sempre, com grande dedicação e responsabilidade.

Saio da audiência com o Ministro e seus assessores direto para o aeroporto, onde me espera um vôo que passará por Marabá e Belém antes de chegar a São Luís. Tudo parece ter sido muito rápido, mas entendo ser o resultado de mais de trinta anos de abnegada militância e da passagem pela direção da gestão cultural nos âmbitos municipal e estadual. Um ciclo que se completa, agora na esfera federal. Tudo ao seu tempo, da semeadura à colheita.

Com todos os artistas, gestores, produtores e demais agentes culturais da minha terra, compartilho esta importante página da história da cultura do nosso Estado, escrita com muito orgulho e suor por vários companheiros que já não se encontram conosco nesta breve estação humana; mas que, com toda a certeza, onde estiverem, estarão por certo torcendo pelo sucesso deste sonho coletivo.

Ave, Nelson Brito, Mestre Felipe, Terezinha Jansen, Mestre Leonardo, Valdelino Cécio, Mestre Antonio Vieira, Gerô...

Espero não decepcioná-los!

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